top of page

NEGAÇAS DA CAPOEIRA: RESISTENCIA E SABEDORIA POPULAR

Adan Parisi, capoeiramanifesto@gmail.com,

SESC, Araraquara/SP – Brasil

 

Negaceia camarada, vai pra negaça, negue, finja que vai, mas não vai, ludibrie, engambele, cative, tapeie, taboqueie, recuse na aceitação, aceite na recusa, encante... Mas faça tudo isto para não perder sua verdade! A verdade de sua cultura, sua religião, seu povo, seu jogo, seu trabalho e sua brincadeira. Se a capoeira não fosse negativa (se ela não contestasse seu entorno, seu contexto histórico e sociopolítico) talvez hoje não poderíamos afirmar e firmar sua existência. A luta do negro escravizado, ao longo de sua trajetória dialogou intensamente com o processo de formação brasileira. Foi reprimida, perseguida, marginalizada, muitas vezes utilizada por coronéis, políticos e até pelo turismo. Atualmente, a capoeira é reconhecida como patrimônio cultural brasileiro, é referendada como importante conteúdo e estratégia pedagógica transformadora, é uma das maiores fontes da expansão da língua Portuguesa no mundo. Outrora refugiada nos guetos, hoje transcende as muralhas socioeconômicas, ocupando diversos espaços como escolas, clubes, universidades, associações, ONG´s, clínicas, dentre outros. Acreditamos que esta mudança de status da capoeira, bem como suas conquistas estejam intimamente relacionadas com a sabedoria de seus mestres e ancestrais em negacear, em saber dialogar em diferentes contextos com flexibilidade, força e inteligência, transcendendo repressões e preconceitos, imprimindo resistência com a sabedoria em identificar o momento possível, seja nas pernadas do período colonial, no calor do Frevo, na malandragem do Samba, na poesia de Pastinha, na expertise de Bimba ou nas mais diversas formas e referencias que a capoeira apresenta atualmente.

bottom of page